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Os Sitiantes de Córrego das Pedras (MT)

OS SITIANTES DE CÓRREGO DAS PEDRAS (MT): trajetórias de vida e memórias da terra de trabalho

Tese apresentada por José Pereira Filho ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida de Moraes Silva

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Resumo: O presente trabalho com o título: “OS SITIANTES DE CÓRREGO DAS PEDRAS (MT): trajetórias de vida e memórias da terra de trabalho”, busca compreender a dinâmica social referente às estratégias e formas de sobrevivência das famílias que vivem em minis, pequenas e médias propriedades, denominadas sítios, na comunidade Córrego das Pedras, município de Tangará da Serra (MT), entendendo a terra como um meio para, através do trabalho das famílias sitiantes que nela residem e trabalham, garantir a produção e reprodução de um modo de vida. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, tendo como metodologia a história oral e a memória, em que empreguei, principalmente, as observações diretas e as entrevistas de roteiro aberto e semiestruturado como recursos metodológicos para geração dos dados. Utilizei ainda questionários e levantamentos documentais como procedimentos complementares. As análises se dão a partir da percepção da trajetória de vida das famílias migrantes de Minas Gerais e São Paulo que migraram, com seus hábitos, costumes e tradições. Os sitiantes não se renderam ao processo de expropriação de suas terras, próprio das regiões onde a moderna agricultura capitalista se estabelece e avança. Subsistiram ao tempo, em suas frações de terras, produzindo e reproduzindo uma dinâmica própria de vida e gerando cultura, em simbiose entre a modernidade e a tradição. Aponto para a premissa de que as formas de produção de vida material construídas ao longo do tempo, – formas essas heterogêneas, combinadas com a produção e reprodução da cultura caipira, manifesta nos escritos de Candido (1982), percebida nas festas, nas confraternizações, na culinária e nas práticas religiosas -, foram determinantes para a produção e reprodução de um modo de vida e da permanência das famílias em seus sítios. Fiz referência a uma resistência cotidiana, produzida diariamente na luta das famílias em permanecerem em suas porções de terra e produzirem a existência material própria e da família, frente aos avanços do agronegócio na região. A conquista e a permanência em suas terras acabaram também por constituir-se em uma resistência ao modelo de desenvolvimento proposto para o Estado e região, com predominância do latifúndio rural, hoje transformado nos modernos empreendimentos rurais do agronegócio, voltados à produção de monoculturas como: soja, milho, algodão e a criação extensiva do gado para abate. Enquanto o modelo do agronegócio se volta para suprir o mercado capitalista, as experiências dos sitiantes voltam para a produção e reprodução de vida no campo. Destaco o papel desempenhado pelas mulheres no decorrer de toda a trajetória de produção e reprodução de vida das famílias. Historicamente, parceiras de seus maridos, portanto, protagonistas da trajetória de resistência. Nem mais nem menos que os homens, mas mulheres da luta e na luta. Nos caminhos da pesquisa, consegui olhar para o futuro, principalmente a partir das crianças, adolescentes e jovens, utilizando uma relação dialógica, via desenhos, que demonstrou a sensibilidade e o afeto para com a terra. O mundo rural diverso e plural vive e se reproduz, olhando para o futuro, estabelecendo novas formas de relação dos homens e mulheres entre si e com a terra.

Palavras-chave: Ruralidade. Sitiante. Mato Grosso. Memória. Trajetória. Cultura. Resistência.

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TRAMA

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O Grupo TRAMA (Terra, Trabalho, Memória e Migração) dedica-se à pesquisa acadêmica e extensão. Está no PPGS da UFSCar, e é coordenado por Maria Ap De Moraes Silva.

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