logo
logo

(2015-2019) A nova morfologia do trabalho nos canaviais paulistas

morfologia do trabalho

Projeto de Pesquisa

Coordenadora: Maria Aparecida de Moraes Silva

Participantes: Tainá ReisBeatriz Medeiros de Melo; Juliana Dourado BuenoClaudirene Aparecida Bandini

Financiamento: CNPq – Bolsa produtividade

Resumo: O presente projeto visa ao estudo da NOVA MORFOLOGIA do trabalho na agroindústria canavieira do estado de São Paulo, tendo em vista o atual processo de mecanização do corte manual da cana de açúcar e seus reflexos sobre as condições de trabalho e o processo migratório. O projeto se enquadra na área da sociologia rural e do trabalho. A análise das reconfigurações do trabalho nos canaviais paulistas será vista sob as óticas de gênero/classe/etnia, após dois acontecimentos importantes: O Protocolo Agro ambiental, firmado entre a ÚNICA (União da Indústria Canavieira) e o governo do estado de São Paulo em 2007, e o Pacto de Livre Adesão, firmado entre os representantes dos trabalhadores – CONTAG e FERAESP-, o governo federal e os representantes do patronato. Considera-se este momento como sendo de transição do trabalho manual do corte de cana para o trabalho mecanizado. Em função da rapidez das mudanças ocorridas no processo de trabalho nos canaviais que envolvem o preparo do solo, plantio, controle de pragas e ervas daninhas, além da colheita, do transporte da cana cortada, considera-se que estas relações de trabalho no atual momento devam ser analisadas no contexto do processo de pós-trabalho manual do corte, posto que o processo de modernização da produção canavieira não se faz de forma homogênea nos territórios por onde ela se expande. Levanta-se a hipótese de que não ocorrerá a total eliminação do trabalho manual, porém a implantação de novos rearranjos no mercado de trabalho e também nos métodos de exploração da força de trabalho. Portanto, a problemática a ser estudada é a análise das novas morfologias do trabalho, caracterizadas por rearranjos do mercado de trabalho, da divisão sexual e étnica, posto que em São Paulo a grande maioria dos trabalhadores (destinada ao corte manual) é proveniente de outras regiões do país – nordeste e Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais. A Metodologia da pesquisa se baseará em dados quantitativos por meio do levantamento de informações do IBGE, IEA, ÚNICA etc e dados qualitativos, por meio da recolha de depoimentos de trabalhadores (as) rurais em municípios canavieiros do estado de São Paulo da região de Ribeirão Preto, Fernandópolis e Campinas. A região de Ribeirão Preto concentra as maiores usinas do estado, sendo chamada “a capital mundial do etanol” e onde o processo de mecanização do corte da cana atinge perto de 90%, segundo informações da ÚNICA.

Pesquisas anteriores levadas a cabo pela coordenadora deste projeto demonstram que o aumento da produção e da produtividade da cana caminha lado a lado do aumento da exploração da força de trabalho. Ademais, a degradação das condições de trabalho produz além do sofrimento físico, o sofrimento moral e psíquico. No atual momento caracterizado pela intensificação da mecanização do corte da cana, verifica-se o surgimento de várias categorias de trabalhadores – tratoristas, operadores das colheitadeiras, equipes de apoio ao corte mecanizado, caminhoneiros, além de novos arranjos na divisão sexual do trabalho. Enquanto os homens são destinados á operação de máquinas, as mulheres realizam as tarefas mais desqualificadas, como aquelas referentes à recolha dos restos de cana – as bitucas -, ou a recolha de pedras para evitarem que as lâminas das máquinas sejam danificadas, ou ainda, as atividades referentes ao plantio da cana. O presente projeto se justifica na medida em que ele preencherá uma lacuna na subárea da sociologia do trabalho, voltada, sobretudo, aos estudos urbanos, e na subárea da sociologia rural porque ainda que existam vários estudos empíricos sobre esta temática, a perspectiva aqui adotada não é privilegiada em outros trabalhos. Portanto, o eixo analítico central é a categoria trabalho em torno da qual serão incorporadas as categorias gênero e migração/origem. O objetivo geral deste projeto é analisar a nova morfologia do trabalho nos canaviais paulistas em seus rebatimentos, na divisão sexual do trabalho, na migração, a fim de explicitar as especificidades do processo de acumulação do capital agroindustrial canavieiro, cuja lógica visa a consecução de lucros cada vez maiores em detrimento da vida dos trabalhadores. A intenção, num sentido mais amplo, será, por um lado, aprofundar a discussão sobre os impactos do trabalho sobre o corpo e a subjetividade dos (as) trabalhadores (as) e, por outro, avaliar as políticas públicas (ou a ausência delas) e outras possíveis iniciativas advindas da sociedade civil, destinadas àqueles (as) que estão trabalhando e também àqueles (as) que foram alijados do mercado de trabalho em função da mecanização. As metas serão: publicação dos resultados em revistas e em livros; apresentação dos mesmos em eventos nacionais e internacionais; formação de estudantes da graduação e pós-graduação; difusão dos resultados aos movimentos sociais e contribuição dos resultados às políticas públicas para a requalificação dos (as) trabalhadores (as); informações ao Ministério Público, a fim de denunciar as condições degradantes do trabalho.

Published by

TRAMA

TRAMA

O Grupo TRAMA (Terra, Trabalho, Memória e Migração) dedica-se à pesquisa acadêmica e extensão. Está no PPGS da UFSCar, e é coordenado por Maria Ap De Moraes Silva.

Comments are closed.